quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Permitir-se


É preciso coragem para admitir o que há de errado conosco. Mas é preciso ainda mais coragem para fazer algo a respeito, para mudar, para se arriscar.

Eu não sou corajosa. Não me arrisco, apenas sigo com minha vida, dia após dia, me protegendo.
Já me machuquei demais por acreditar, por amar sem restrições. E não me arrependo; sempre se aprende com o amor, mesmo com aquele que não se concretiza.

O que me impede de arriscar não é o arrependimento, porque esse eu não tenho, nem a mágoa, porque essa já ficou no passado, se é que existiu. Não, o que me impede são as cicatrizes, as lembranças dos bons tempos pois estas são as que deixam marcas mais profundas.

Uma pessoa muito querida, que conquistou meu coração inesperadamente, me disse que controle não é tudo. Ela é fonte constante de admiração, o tipo de pessoa que quero ser quando crescer. Ela caiu, chorou, sofreu e hoje ela está feliz, de cabeça erguida, pronta para outra queda. Ela pode até cair e se machucar muitas vezes, mas com certeza vai viver mais plenamente também.

Quanto a mim? Sou como uma criança que toca em um objeto, se machuca e aprende a não tocá-lo mais. Sou como uma rosa, delicada para quem sabe se aproximar, porém cheia de espinhos para afastar decepções.

Posso não me machucar, mas também não vivo.

sábado, 17 de outubro de 2009

Metamorfose

Mudanças são inevitáveis.

Não percebemos, mas mudamos desde o momento em que saímos do ventre de nossas mães.
É uma mudança tão drástica, tão injusta, que choramos um protesto desesperador. Sim, mudanças doem. E não me refiro aquelas transformações-regime - que começam na segunda e dissipam-se no primeiro final de semana - mas sim àquelas mudanças necessárias, aquelas que não se pode adiar, que são decisivas na construção do nosso caráter.

Eu me lembro que adorava subir em árvores, brincar de amarelinha e pular corda, essas brincadeiras que particularizam o mundo das crianças. Recordo-me de uma época em que minha única preocupação era fazer o dever da escola para a pró dar o visto no dia seguinte. O mais curioso, no entanto, é que eu rezava todos os dias para completar logo meus 18 anos. Queria sair, paquerar, ser dona do próprio nariz... Não acreditava quando os mais velhos diziam para eu aproveitar a melhor etapa da vida. "Depois dos 15, o tempo voa minha filha" - era o que minha mãe dizia sempre. Hoje, já aos 19, percebo a sabedoria de suas palavras. E, vez por outra, eu me pego querendo reviver certos momentos, provar o gosto de subir em árvores e acordar tarde nos finais de semana.

Eu mudei, cresci. E se eu fosse arriscar uma amarelinha agora, simplesmente não teria o mesmo sabor de antes. Além disso, as lembranças permanecem conosco para sempre. Quanto ao presente não; ele escorre junto aos segundos e cai, gota a gota, no passado. Algumas pessoas aproveitam a vida de forma perigosa, outras, de forma intensa. Eu não aproveito, eu simplesmente vivo. Aproveitar a vida requer tempo e disponibilidade mas, depois dos 15, o tempo corre!

Sempre vai chegar aquele dia em que vamos nos olhar no espelho e notar que envelhecemos. Nesse dia com certeza nos lembraremos das bonecas, das cordas, da amarelinha. Provavelmente uma lágrima ou outra escaparão para a face. Porque o tempo é cruel e as mudanças doem. Mas, veja pelo outro lado. É quando saímos do útero de nossas mães que ganhamos a oportunidade de viver e, mais tarde, recordar...

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Happy Hour


Sabe quando se encontra Aquelas pessoas que se tornam tão especiais e importantes em nossas vidas? Aquelas pessoas pelas quais você lutaria até o fim ? Pois eu encontrei essas pessoas. E me considero privilegiada por cada momento que vivi com elas.... Quando estávamos no colégio nos imaginávamos reunidos, conversando, tomando um chop. Parecia tão distante, aquele tipo de plano que não se sabe a data de realização. A época de colégio acabou. Vai fazer um ano que não nos vemos todos os dias, que não conversamos a cada manhã. Costumávamos dizer que o primeiro ano seria a verdadeira prova da nossa amizade; havia pessoas que não acreditavam que sobreviveríamos. E a essas pessoas só posso dizer I'm sorry. Porque nós estamos aqui uns para os outros! Ah! Quanto aquele plano que parecia tão distante...bom, estamos vivendo ele agora, como uma grande amiga minha me lembrou hoje, no nosso happy hour.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Depois do feriado


Claro que todo Depois pressupõe um Antes.
O Antes é sempre recheado de expectativas. Aquela sensação de que coisas boas nos aguardam. Mas, o encontro com o Depois muitas vezes é frustrante.
É o caso dos feriados.

Arrumamos as malas, viajamos, encontramos a família e pensamos: "Agora sim vou descansar", como se todas as preocupações e afazeres se dissipassem diante da palavra feriado. Acho que os feriados não operam revoluções na vida de ninguém. Mas é fato que são uma via de escape. É um momento em que podemos dar um tempo nos problemas, mesmo sabendo que depois teremos que lidar com eles. O feriado é a fuga da sociedade moderna, é o que todos nós procuramos: um meio de fugir da rotina, dos telefonemas, das filas, das provas, de tudo aquilo que pensamos não tolerar mais.

Mas, veja bem, o feriado sempre acaba.
E nós acabamos voltando à rotina, aos telefonemas, às filas, às provas e ao convencional.